quarta-feira, 23 de abril de 2008

Por último...

Pronto. Houve uma última carta, uma última lembrança, um último suspiro. Não porque ela queria, mas era o destino, era o caminho deles que a obrigava a escrever essa última carta.
Não é de despedida, nem de choro não. É apenas para dizer um tchau, ou até mesmo um "Até Logo"... Nem ela mesma sabe se é um adeus ou não. Confusão. No meio de caminhos nebulosos, turvos e escuros ela não sabia mais de nada, apenas tinha a certeza que precisava se despedir.
Dessa vez não haveria palavras, nem abraços ou olhares, nunca houve! Ela e ele sabiam que era a despedida, mas não precisaram pronunciar uma palavra para saber que era hoje, era agora, ali naquele momento.
A senhora do outro lado da rua via que não era aquilo que eles queriam, jurava que eles não queriam se despedir, mas mesmo sem querer os dois tinham necessidade de fazer aquilo.
Desapego. Um haveria de se desapegar da vida, das palavras, dos abraços do outro. Era difícil e isso todos sabiam, mas não era hora de pensar nisso. Pois não havia mais espaço para ninguém, estava tudo ocupado demais, tudo mudado e diferente demais para continuar naquela situação. Era o fim. E eles estavam tão bem, tão felizes com a ocupação das vidas que disseram seu até logo numa forma simples e não dolorosa.
Não houve mágoas, nem dor. Tinham lembranças e esperança que houvesse uma porta ali na frente onde coubesse um mundo para os dois. Se havia mesmo essa porta ou não nenhum dos dois sabiam ao certo, tinham que caminhar para chegar até esse caminho.
E foram caminhando com a alegria que sempre foi própria de cada um. Ainda havia o encantamento, sempre haverá. Daqui para frente, caminhos diferentes!