segunda-feira, 23 de março de 2009

Enquanto lia aquelas linhas senti meus olhos pesados.
Não tinha me dado conta que as lágrimas estavam quase sendo expulsas involuntariavelmente.
Esse sentimento já não era tão desconhecido por mim... aquela dor, uma dor que morava comigo há mais de um ano, em um buraco dentro de mim.
Esse buraco era fundo, tinha raízes, havia espaço suficiente para ser compartilhado por duas ou mais pessoas, mas era apenas meu.
Por mais que eu afaste os fantasmas ainda me lembro muito bem quando, como e onde o cavaram dentro de mim. As dores que o continham era seu, apenas e exclusivamente seu. Era uma obra bem sucedida sua, algo a que foi perfeitamente alimentado durante meses. E isso doía, só eu sabia como doía aquela grande ferida interna. Mas com o tempo você não foi o único culpado, outras pessoas também ajudaram a cavar um buraco mais profundo. Cada uma contribuindo a sua maneira, cada um fazendo doer.
Buraco ou abismo? Já não sei, de tão grande esse buraco das dores havia se tornado meu grande abismo particular, onde a cada ferida adicionada era mais dores e lágrimas. E cada vez que eu perdia meu equilíbrio e caía para o abismo era como perder parte de mim, me perdendo aos pouquinhos... era mais doloroso assim, e as dores já eram algo que morava comigo. Triste e infeliz abismo.
Até hoje eu sempre consegui, por mais difícil que fosse, sair do meu abismo. Eu tenho anjos do meu lado que sempre me abriram seus braços e tentaram exorcizar minhas dores. Meus amigos, meus anjos. Aqueles que trazem sol, equilibrando bem as nuvens para mim.
Hoje tudo havia se transformado, com o passar do tempo eu fui mudando... não que a ferida tenha se fechado, apenas eu que havia me tornado mais forte para suportá-las. Mas ainda assim, a sua obra de inteira perfeição me deixou sequelas, como se eu me perdesse na floresta para nunca mais me achar, com pesadelos frequentes, e eu fiquei lá sem poder viver mais nada. Fechada, trancada, sequestrada no meu próprio corpo, nas minhas dores, no nosso abismo.